O preço do ouro alcançou o seu máximo histórico no verão de 2020. Fatores como a pandemia, dólar fraco, taxas de juro em terreno negativo e tensões entre os EUA e a China, explicam esta escalada do preço de ouro.
Em alturas de incertezas económicas e de crise, como esta provocada pela pandemia da Covid-19, um dos ativos mais procurados pelos investidores é o ouro, por ser considerado um porto seguro, uma vez, que é impossível multiplicá-lo ou perder valor da noite para o dia, embora o seu preço sofra variações.
Neste artigo, vamos abordar sobre as principais opções disponíveis de investir em ouro, os riscos associados, as vantagens e desvantagens de cada opção.
Fatores que influenciam o preço do ouro
Cotação do dólar – Existe uma relação inversa entre a cotação de dólar e a procura de ouro, isto é, quando a cotação de dólar diminui, a procura de ouro sobe, e vice-versa. O dólar é considerado uma moeda forte e serve de referência para muitas outras moedas de valor inferior. Existe também muitos produtos financeiros derivados baseados em dólar. Desta forma, quando o dólar desvaloriza esses produtos derivados também desvalorizam, por isso, é de esperar que os investidores aumentam a sua procura por ouro como um refúgio.
Taxa de juro – Um outro fator que influencia a procura por ouro, é a taxa de juro. Numa altura, em que as taxas de juro encontram-se historicamente baixas, inclusive em terreno negativo, os investidores tendem a procurar ativos alternativos que garantam uma rentabilidade adequada e não perca valor. O ouro enquadra-se como uma excelente alternativa neste contexto. Quando as taxas de juro estão elevadas, os investidores preferem investir em produtos como as obrigações.
Inflação – Em situações de deflação, isto é, quando se regista uma descida generalizada de preços dos bens e serviços, a procura por este metal precioso tende a aumentar. A deflação é prejudicial para a economia, pois os consumidores tendem a adiar o consumo e isso pode causar uma recessão económica, mas o preço de ouro tende a ficar imune com as tensões deflacionistas.
Conhecido como um ativo de refúgio, o ouro é um elemento natural utilizado em diversas áreas, desde indústria à economia. Ao longo da história, este metal desempenhou um papel intimamente ligado a área monetária, desde a criação das primeiras moedas até aos anos de 1970 (fim do padrão-ouro e surgimento de moedas fiduciárias), o ouro sustentou o valor da moeda em circulação através da sua qualidade como metal precioso.
As caraterísticas do ouro que o tornam como um metal precioso são fundamentalmente as seguintes: a escassez, a durabilidade, a homogeneidade, a divisibilidade e a difícil falsificação. Assim, o preço do ouro é determinado, em primeiro lugar, pela lei da oferta e da procura. Nos fundamentos dessa relação estão, porém, vários indicadores macroeconómicos que influenciam a variação do preço deste metal precioso. Entre os quais a cotação do dólar, a taxa de juro e a inflação. Em regra geral, o preço do ouro tende a aumentar quando a bolsa cai e o dólar se desvaloriza.
5 formas de investir em Ouro
De seguida, vamos apresentar 5 maneiras disponíveis de investir em ouro, para tirar proveito da valorização deste metal amarelo.
Investir em ouro físico
Esta é a forma mais tradicional de investir em ouro, em que consiste em comprar barras de ouro, joias de ouro, moedas de ouro, entre outros. Esta opção tem a vantagem do investidor possuir o ouro fisicamente. Porém, tem como as desvantagens, o facto do seu preço de comercialização ser muito mais elevado do que o preço real devido às elevadas margens de lucro associadas, assim como o seu custo de armazenagem para guardar essas peças de luxo.
Normalmente, para conseguir obter algum rendimento, comprando o ouro físico, o preço do ouro tem de valorizar mais de 20%. Portanto, esta opção não parece ser a mais rentável para os investidores.
Investir em ETFs do ouro
Os Exchange Traded Funds (ETFs) de ouro são fundos negociados na bolsa que tentam replicar a evolução do preço do ouro, e não uma proporção da reserva de ouro.
As vantagens e desvantagens dos ETFs de ouro são as mesmas do investimento na generalidade dos ETFs. Comparando o investimento em ETF deste metal precioso com os fundos de investimento, os ETFs como são transacionados na bolsa como as ações, têm a vantagem de ter maior liquidez, podendo fechar a posição a qualquer momento. Enquanto as desvantagens são as comissões operacionais associadas a um ETF e a possibilidade de o ETF não replicar fielmente o preço do ouro.
Investir em ações de empresas do setor de ouro
Esta opção passa por negociar ações de empresas ligadas à extração do ouro, produção e noutras fases relacionadas com este setor.
Esta é uma das formas mais simples de investir e rentabilizar o seu capital com o ouro, sobretudo porque existem muitas empresas cotadas no setor do ouro.
As suas vantagens são as seguintes: a exposição ao setor do ouro sem estar diretamente exposto ao preço do ativo; bons resultados financeiros da empresa proporcionados por aumento da procura de ouro; grande liquidez no mercado que facilita as compras/vendas. Enquanto as desvantagens podem ser as seguintes: a volatilidade do preço das ações causada por oscilações na produção ou na procura de ouro; má situação financeira da empresa cotada, que vai ter impacto negativo, mesmo que o setor de ouro esteja em alta.
Algumas das maiores empresas cotadas no setor do ouro:
- Newmont Corporation (NEM)
- Barrick Gold Corp (GOLD)
- Agnico Eagle Mines Ltd (AEM)
- AngloGold Ashanti Ltd (AU)
- Yamana Gold Inc (AUY)
Investir no ouro através de fundos de investimento
Estamos a falar de fundos que desenvolvem toda a sua carteira de investimento em torno do ouro, que podem ser ativos de qualquer uma das opções abordadas acima. Além disso, os portfólios destes fundos de investimento também incluem frequentemente outros metais preciosos, como a prata e o cobre, aumentando a diversificação dos mesmos.
As vantagens de investir no ouro através dos fundos de investimento são a gestão profissional do portfólio e a diversificação do mesmo, com foco na criação de mais-valias para os subscritores do fundo. Enquanto as suas desvantagens são as comissões de transação, que são mais elevadas do que nos ETFs.
Investir em CFDs do ouro
Finalmente, a quinta opção para investir em ouro é utilizando Contract For Difference (CFD). O CFD é um produto financeiro derivado, cujo preço é baseado num outro ativo subjacente, ou seja, implica que as posições do investidor sejam, na realidade, contratos com uma corretora, em vez da compra direta do ouro. Assim sendo, os CFDs de ouro têm como o seu ativo subjacente o ouro. Na prática, isso significa que as variações no preço do metal amarelo vão afetar os CFDs.
Então, há duas formas de obter ganhos:
– se o investidor pensa que o preço de ouro vai subir, abre uma posição longa (comprar);
– se o investidor acredita que o preço de ouro vai descer, abre uma posição curta (venda a descoberto).
Esta é a forma de investimento, seguida sobretudo, por traders, que mantém posições abertas durante um ou alguns dias.
Existem várias corretoras no mercado, onde podem negociar o CFD do ouro. Neste caso, torna-se fundamental a gestão individual de risco ao negociar o ouro, assim sendo, nunca é demais referir, que não deve abrir posições demasiado grandes em relação à sua conta e deve usar sempre um take profit e stop loss.
Pode experimentar gratuitamente em Gobulling (Banco Carregosa) e XTB, a negociação destes produtos numa conta de demonstração. Os títulos do ouro estão representados por XAU/USD e XAU/EUR.
Note-se, no entanto, que este conteúdo é puramente de caráter educacional. Não pode ser considerado como aconselhamento de investimento ou recomendação de compra ou venda.
Investir envolve risco de perdas de capital investido, portanto, cada investidor deve fazer sempre o seu trabalho de análise, criar a sua estratégia e investir em concordância.
