A 3ª Reinvenção de Kodak

A empresa de 131 anos que já dominou o mercado de filmes fotográficos e fez uma incursão infeliz nas criptomoedas tenta mais uma reinvenção. Desta vez, a Kodak planeia fabricar ingredientes para medicamentos genéricos, auxiliado por um empréstimo do governo dos EUA no valor de 765 milhões de dólares americanos, no âmbito de um programa da administração Trump que visa reforçar as capacidades americanas no fabrico de medicamentos.

As notícias lançaram as ações da Kodak esta semana para 2.760%, as ações subiram 14% na quinta-feira para 37,67 dólares americanos.

Esta não seria a estreia da Kodak na indústria farmacêutica. Em 1988 a Kodak adquiriu a Sterling Drug Inc. por 5,1 bilhões de dólares americanos, a ideia era aplicar a experiência em produtos químicos aos produtos farmacêuticos. Passado seis anos vendeu a unidade por cerca de 500 milhões dólares americanos a menos do que pagou.

Em 2012 a Kodak entrou em falência depois de ter sido esmagada por rivais no segmento de fotografia digital e por não conseguir compensar a aquisição da empresa farmacêutica. Em 2018 a Kodak anunciou o lançamento da sua criptomoeda KodakCoin mas também não gerou resultados. O que leva a questionar a escolha de Kodak para liderar os esforços na revigoração da produção farmacêutica nos EUA?

“Estamos confusos com a decisão do governo”, escreveram analistas do SVB Leerink numa nota de pesquisa. “Em particular, achamos intrigante o motivo pelo qual as empresas farmacêuticas genéricas que têm as capacidades e o know-how para isso ainda não receberam esses contratos”.

A produção de ingredientes farmacêuticos ativos para genéricos é uma “tarefa hercúlea”. Uma analista sénior da SVB Leerink comentou que a Kodak “nem está na lista” das empresas que ela imaginaria para esse empréstimo. Um dos medicamentos para os quais a Kodak fabricaria os materiais é a hidroxicloroquina, o controverso medicamento antimalárico para tratamento do Covid-19.

Peter Navarro, consultor comercial da administração Trump, comentou “Isso dará às pessoas do nosso país alguma garantia de que, quando surgirem situações pandémicas como esta, não veremos o que estamos vendo agora, mais de 75 países restringem a venda de produtos farmacêuticos ou similares para nós, como por exemplo máscaras. ” A equipa de Navarro identificou a empresa Kodak como promissora e chamou a atenção de Adam Boehler, um ex-empresário de serviços de saúde que chefia o Departamento Internacional de Cooperação Financeira.

O Departamento de Cooperação Financeira teve em conta dois aspetos, por um lado, a Kodak já possuía o equipamento necessário para a produção dos materiais para os medicamentos (atualmente, 1%- 3% das receitas da Kodak vem da fabricação de materiais para medicamentos) e tem um comprador que já fez uma encomenda, confirmou Boehler (a Kodak confirma ter uma carta de intenções).

O plano do empréstimo avançou a 14 de maio com a assinatura de uma ordem executiva para expansão da “produção doméstica de recursos estratégicos necessários para responder ao surto de Covid-19 ou para fortalecer as cadeias de suprimentos domésticas relevantes”.

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