Luxos empresariais / Pobreza de mercado

É esta a antítese que muitas vezes acontece na nossa economia. No artigo anterior, expus a grande necessidade que as empresas têm para progredir. Bem, plot twist, há empresas que têm o luxo de não ter que fazer esforços para manter a qualidade, o standard que os consumidores esperam que lhes seja saciado.
Num mercado praticamente monopolista, ou seja, num que até pode haver outros players mas que estes não têm significância, ou onde o império do que lidera é tão grande que faz com que o peixe miúdo tenha de viver à conta do peixe graúdo, essa grandeza (apenas em tamanho) permite-lhe ter o luxo de não ter de fazer muitos investimentos.
Não gosta? Azar, vá a da concorrência. Pois esse é o problema. Não existe uma real alternativa a ir, ou porque o desleixo também é tão grande, ou porque quase que não conseguimos encontrar outro que oferece as mesmas vantagens do produto, e uma coisa é certa, o consumidor não vai procurar arduamente uma alternativa. Vivemos num sistema em que se não encontramos o que estamos exactamente à procura, existe logo outra coisa disponível para substituir.
Vai-se destruindo a notoriedade que temos da marca, mas os gestores de topo estão mais focados no cash flow a entrar. Por isso constrói-se um serviço meramente industrial. Um serviço de Próximo! Um serviço sem consideração pelo princípio fundamental da economia, tal como na natureza: para sobreviver, é preciso evoluir.
Mas a culpa não é só da empresa. Não nos esqueçamos que o cash flow continua a entrar porque ainda há consumidores a ir. Porque estão habituados e/ou porque pensam que essa é a normalidade. A consequência: o pensamento empresarial de, sempre estivemos bem, porquê mudar? Arriscar, ainda por cima de como está o mercado? Muitas vezes não se apercebem que esse é o maior risco – não arriscar.
Dou-vos um exemplo. Fui à procura duma boa experiência cinematográfica. Começa logo bem com a atitude típica de Próximo! Quase que temos de ajudar a pessoa a tirar o bilhete para nós. O chão já peganhento das pipocas. Publicidade de 20 minutos. Cadeiras em mau estado. Também foi low cost, o bilhete. Não, pagámos mais de 6€ para estar a “usufruir” do serviço. Resultado: a reação foi – Tirem-me deste filme!

Autor: Filipe Martins Vaz

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