UMA MÁQUINA EUROPEIA, COM MOTOR ALEMÃO

O presente artigo tem como principal objectivo dar a conhecer ao leitor o panorama geral da economia europeia com base no estudo da moeda única. Pretende-se desmaterializar conceitos financeiros complexos numa linguagem simples e perceptível. Abordam-se por isso, o papel e a preponderância das instituições europeias na óptica de um cidadão europeu dos país da preferia e lançam-se questões sobre o (não) futuro da União Europeia.

Se existe algo a que ainda tenhamos direito hoje, é ao direito de rir. Penso, que os países da periferia europeia, herdaram algo único ao longo dos tempos, que foi exactamente à maneira como rimos. É agora tempo, de acordar deste grande sonho chamado Europa, pois agora é dia. A noite passou, e com ela esvoaçou aquela esbelta ideia de uma Europa unida, que seria o concretizar dos sonhos, o preservar das identidades históricas, a ambição de sermos mais e melhores, e o querer de mostrarmos ao resto do mundo, qual seria o caminho. Tudo isso voou. Dado isto – e voltando ao nosso riso – é também agora tempo de usarmos esse dom passado de geração em geração, e fazermos algo que só nós, sabemos fazer com distinção: rir deste Rei nu (Europa) que passa por nós com toda a poupa e circunstância. Rei este, que foi despido, não por estes países apelidados tristemente de PIGS, mas sim por aqueles, que pretendem voltar a ser as potências que foram no século passado. Hoje, assistimos ao desprezar das aprendizagens que deveríamos ter adquirido do congresso de Viena – que talvez os lideres europeus não tenham estudado – ao deixarmos que países como a Alemanha e até mesmo a França voltem a erguer os seus impérios – na acepção da palavra – desta feita com o consentimento de tudo e todos. Hoje, a União Europeia, apresentasse como o validar de um retorno a uma Europa desigual, com uma balança de poder extremamente desequilibrada e com a Alemanha à chefia. Não nos é permitido, questionarmos se será bom continuarmos a criar uma união desigual e desajustada, onde países enriquecem em detrimento da pobreza e da miséria de outros. Mas pior ainda, é o facto de se questionarmos, sermos apelidados de “tolos” ou de cépticos, pois todo este voltar a um mapa de potências hegemónicas, é em prol da paz e do bem comum europeu.

Todavia, não tomemos estes países mediterrâneos por coitadinhos, e não pensemos que toda a esperança se foi, porque não foi. Não tenho dúvida alguma, que os anos que se seguem, serão exactamente iguais aos anteriores, ou seja, mais austeridade, mais dívida, mais pobreza, mais fome, mais contestação social, mais de tudo o que é mau basicamente. No entanto, não devemos olhar o futuro com uns óculos redutores, mas sim com um pensamento alargado a uma escala maior. Sabemos, até à data, que as crises são cíclicas, ou seja, vêm e vão. E interrogo-me: quando toda esta crise económica, financeira e política cessarem, com o que é que se preocuparam os lideres políticos e o cidadãos europeus?

Creio, que os europeus voltarão a querer sonhar novamente. E nesse sonho, quererão contemplar as belezas e as riquezas que esta princesa Europa lhes esconde. Quererão navegar o Tejo de Lisboa, contemplar as acrópoles de Atenas, desfrutar de uma paella nas Ramblas em Barcelona, quem sabe, a ler um romance do escritor Irlandês, Oscar Wilde. Esta é a riqueza que não nos podem retirar, e como tal deve ser ela a nossa moeda de negociação. É tempo, dos países da periferia se erguerem enquanto potências culturais, e mostrarem ao resto da Europa, que podemos não ter dinheiro para mandar cantar um cego, mas que temos países únicos e impossíveis de recriar.

Desta forma, e de modo a chegar a uma conclusão, entendo que o único caminho que esta Europa pode seguir é o do federalismo e da solidariedade. É nesta dicotomia, entre aquilo que cada país pode oferecer ao bem comum, que deve assentar uma verdadeira união europeia, arriscando-me mesmo a pressupor, que se não tomarmos as decisões acertadas neste momento, acabaremos com uma união de estados de nação. É impensável, continuarmos a impor medidas e políticas iguais e cegas aos 28 estados membros desta união, quando na realidade todos eles são diferentes. Seria bom, que a política internacional, fosse tão simples quanto os contos de infância. Se perguntasse a uma criança o que achava da União Europeia enquanto “união”, responderia-me que a Europa seria uma casa, onde todos os seus habitantes traziam as coisas necessárias ao seu funcionamento e crescimento. Uns a carne, outros a lenha para a assar, outros o dinheiro, e por aí em diante. Esta criança, saberia por isso, que não se poderia exigir o mesmo de um país com dez milhões de habitantes, com um passivo a transcender o PIB, com um sistema bancário rudimentar ou com uma governação falhada, ao que se exige a um país estruturado, com uma balança externa positiva e com uma justiça eficaz.
Saberia isso porque é lógico, é uma questão de equidade. Trata-se então, da Europa deixar de fitar o Ocidente, futuro do passado, e encara-lo, ao entender, que urge o tempo e as vontades, que o Parlamento Europeu, deixe de ser um enorme e dispendioso álibi da transparência, para se tornar numa instituição robusta e credível, que represente o povo na sua qualidade, pois no fim, o povo será sempre quem mais ordena.

Autor: Tiago Lima Valente. Natural de Ovar, nascido a 19/03/1992 reside em Coimbra. É licenciado em Estudos Europeus pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Sócio da Associação Portuguesa de Estudos Europeus tem um MBA pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
E-mail: tiago.lvalente@gmail.com

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