Saiba tudo sobre Swap

O swap é um dos vários tipos de produtos financeiros derivados existentes, e tal como a própria palavra indica, ‘swap’ é uma troca. Permite contornar a incerteza associada ao valor futuro dos fluxos transacionados. Existe uma grande variedade de swaps, agrupados em 5 grupos, swaps sobre taxas de juros, sobre divisas, sobre crédito, sobre matérias-primas e sobre acções. Em comum têm o facto de se tratar sempre de uma troca dos fluxos financeiros associados ao valor de um determinado activo, o chamado valor nocional.

Vou dar um exemplo prático de contrato de swap sobre taxas de juros. Para contornar a incerteza sobre o futuro das taxas de juros a pagar, uma empresa pode contratar com um banco um swap. Imagine que uma empresa pediu um empréstimo bancário tendo por base uma taxa de juro variável, ou seja, sobe ou desce consoante a variação da Euribor. Imagine agora que a taxa de juro tem estado numa trajetória de subida, fixando-se atualmente nos 5% e, acredita-se que as taxas vão subir ainda mais nos próximos anos. O melhor, seria fixar essa taxa, de modo a travar essa subida. É exactamente isso que um contracto de swap permitiria que fosse usado num crédito. Neste caso a troca foi uma taxa de juro variável por uma fixa.

Ao fazê-lo, a empresa vai fixar a taxa de juro em vez da variável e, portanto, sabe que todos anos vai pagar a mesma taxa de juros, até ao vencimento do empréstimo. Este instrumento permite, por exemplo, à empresa que contraiu o crédito estimar esses pagamentos, mas pode ter um custo, que é o custo do próprio swap.

O pior para a empresa é se ao contrário do que se pensava a taxa de juro em vez de subir, descer. Então nesse caso a empresa fica a pagar o valor fixo, os 5%, quando no mercado o preço do dinheiro já só custa 2%. Foi exatamente isso que aconteceu no caso de algumas empresas públicas, com prejuízos para o Estado português na ordem dos 3000 milhões de euros. Acordaram contratos numa altura em que as taxas de juro estavam a subir, pensando que iriam subir ainda mais e tentaram trancar essa valorização. Mas a realidade nem sempre é o que nós pensamos que vai ser. E neste caso claramente não foi.

Um swap por ser um contrato de cobertura de risco no financiamento implica sempre, perdas para uma das partes, já que consiste em fixar uma taxa de juro a pagar por um empréstimo com a obrigação de uma das partes pagar a diferença entre a taxa fixa e a variável. Ou seja, não são as caraterísticas destes instrumentos que os tornam especulativos ou de cobertura de riscos, mas sim, a sua utilização. Vejamos um outro exemplo de swaps.

Em 2009 depois de ter ficado a zeros várias vezes no Bwin, o meu irmão decidiu abrir uma conta num corretor com 800€, que foi investindo na compra de ações e na utilização de futuros sobre ações e sobre índices bolsistas. Como estudante das ciências tecnológicas, a ideia dele era sobretudo aprender alguma coisa sobre investimento. Com o tipo de risco que usava na gestão desta conta era normal ter meses com lucros muito simpáticos mas também meses com prejuízos terríveis.

Em 2013, ele disse-me: essa conta já esteve com 5000€ e agora está com 3000€, o que posso fazer para ter um resultado certo mensal em vez destas variações? Podes vender tudo o que tens e comprar obrigações que te rendem 6% ao ano, o que te dá 15€ por mês. E nas obrigações não corro riscos? Bom, se não fizeres nada disso não sabes hoje o valor da tua carteira daqui a 5 anos, poderá ser até mais baixo que hoje, por exemplo 1500€, mas também pode subir, para 6000€, por exemplo. Tudo depende do teu perfil de risco, não existe certo e errado nestas coisas, tens que conhecer é as consequências da decisão que tomares. Então preferia as obrigações. Ok, tenho uma ideia melhor. Vamos fazer o seguinte, não mexemos no que tens e em cada mês fazemos as contas, no final dos 5 anos, eu dou-te 15€ por cada mês e tu dás-me o resultado que a carteira gerar, assim sabes que no final tens sempre 3900€ (3000€+5*12*15€), independentemente da evolução do valor da tua conta. Vamos ver se percebi, o que acontece no final se o valor da minha conta for 6000€? Nesse caso eu dou-te os 900€ e tu dás-me 3000€, ficas com 3900€. E se no final o valor for 2500€? É só fazer as contas, nesse caso tenho que te dar os 900€ + 500€ que corresponde ao resultado negativo da tua conta, ficas na mesma com 3900€. Mas se a conta vale no final 6000€ eu perco 3000€, não? Não, deixas é de ganhar 3000€, chama-se a isso custo de oportunidade mas compreendo que te venha a parecer um prejuízo efectivo. Isto é um swap!

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