Como está o Mundo em 2015?

A Europa vive, neste momento, cinco situações totalmente distintas entre si, que leva a pensar que ainda existem muitos problemas por resolver.

1 – A vaga de refugiados que tem entrado na Europa, tem obrigado os países a ajustarem-se e a criarem condições económicas e sociais para receber esta “massa” de pessoas. Muitos fogem da guerra imposta pelo Estado Islâmico nos últimos anos, outros, oriundos de países como o Afeganistão e Iraque aproveitam a “corrente” para entrar na Europa;

2 – O conflito Rússia-Ucrânia, aparentemente estabilizado, continua a ser uma situação por resolver, que mostrou a falta de poderio militar da Europa, que mais uma vez esperou que os EUA entrassem em acção. Infelizmente, o continente em que vivemos apenas tem poder económico, o que ficou bem patente nas sanções económicas impostas à Rússia e que tiveram enorme impacto na sua Economia;

3 – O 3º Resgate financeiro da Grécia será com toda a certeza o último e por essa razão nos próximos 3 anos ficaremos a saber se a Grécia conseguirá implementar as medidas com as quais se comprometeu perante a Troika (FMI, BCE e EU), ou se, mais uma vez, irá “assobiar para o lado” e esperar pelo dinheiro que há-de vir;

4 – Volkswagen – o mais recente escândalo empresarial, não seria por mim referido, não fosse tratar-se do maior produtor automóvel mundial, uma das maiores empresas alemãs e europeia, com fábricas em muitos países e empregadora de milhares de pessoas. Este escândalo terá consequências imediatas na imagem e vendas da empresa. A médio longo prazo, terá que pagar muitos milhares de milhões de euros de indemnizações pela fraude em que se viu envolvida;

5 – No inicio deste ano assistimos a um referendo na Europa, com os eleitores escoceses a terem de optar entre continuar a pertencer ao Reino Unido ou tornarem-se independentes. Após grande debate e um discurso eloquente, a poucos dias do referendo, por parte do escocês e Ex-Primeiro Ministro do Reino Unido, Gordon Brown, que acabou por inclinar o resultado do referendo para a continuação da Escócia no Reino Unido, também em Espanha tivemos eleições na Catalunha, com os eleitores catalãs a votar, de forma inequívoca, nos partidos que apoiam a independência da região. Prevê-se nos próximos meses, um longo processo de desagregação da Catalunha a Espanha, o que poderá ter como consequência, outras regiões, que igualmente aclamam pela sua independência, como o País Basco ou a Galiza, reivindiquem a independência. A acontecer, conduzirá a uma desagregação de Espanha tal qual a conhecemos há mais de 400 anos;

Na China, verificou-se a existência de uma bolha especulativa, tanto na Bolsa como no ramo imobiliário. Recordo-me de, há 2 anos atrás, ter visto uma reportagem que mostrava as “cidades fantasma” que existiam por toda a China. Um dos ramos que mais faz impulsionar o crescimento do PIB de um país, é o ramo da construção, por ter um enorme efeito multiplicador em termos de mão-de-obra e matérias-primas, e os chineses construíram cidades inteiras onde vivem escassos habitantes. Por outro lado, o Banco Central da China é comandado pelo Governo Chinês, o que conduziu a que, parte do problema bolsista, tenha sido estancado com injecção de dinheiro. No entanto, o problema continua a subsistir.

No Brasil, o escândalo denominado como “mensalão” (escândalo de corrupção política, que consistiu na compra de votos dos deputados do Congresso Nacional do Brasil), apesar de ter vindo a público em 2005, encontra-se a ser julgado neste momento, o que tem conduzido a uma descredibilização do sistema político brasileiro. Junta-se a isto, o escândalo que assolou a maior empresa do Brasil, a Petrobrás, com o desvio de dinheiros públicos em favorecimento da empresa e a conivência e pagamento a deputados. Todos estes escândalos vieram retirar credibilidade ao Brasil, que recebeu em 2014 o Mundial de Futebol e receberá em 2016 os Jogos Olímpicos. Para além disto, a Presidente Dilma sofre desde as últimas eleições grande contestação interna, sobretudo nos estados mais ricos (São Paulo e Rio de Janeiro), recordo-me que, no dia seguinte a ter vencido as últimas eleições, o índice bolsista BOVESPA, índice que contempla as principais empresas brasileiras, sofreu uma enorme queda.

A queda do preço do petróleo no decorrer de 2015 deixa antever que, a redução drástica no preço desta matéria-prima, veio para ficar, pois um dos maiores produtores mundiais, o Irão, que durante anos se viu impedido a vender petróleo no mercado, é de novo um player de “peso” neste mercado, a juntar ao menor crescimento económico da China, maior consumidor de petróleo do mundo, e decréscimo de consumo por parte do EUA, em substituição por gás de xisto. Este fenómeno terá um enorme impacto em produtores como Angola, Venezuela, México e Rússia, que sustentavam grande parte do seu crescimento económico nesta matéria-prima. Com a queda do preço, deixa de ser viável extrair petróleo, pois os custos associados à extracção, são superiores ao preço de mercado.

Perante toda esta indefinição, os EUA, surgem com uma situação económica favorável, tendo registado um crescimento económico em 2014 de 2,2%, crescimento que também se prevê para 2015. Apesar da indefinição política, não se sabendo quem será o sucessor de Barack Obama, o país vive um bom momento e surge no seio das Economias já abordadas, como a que menos fragilidades apresenta.

Portugal, no contexto de todos os problemas que assolam a Europa, poderá vir a ser afectado em primeira instância pelo escândalo Volkswagen, por via da Auto Europa, uma das maiores empresas exportadoras do país. Em termos políticos, amanhã ficaremos a saber qual o partido ou coligação que ganhará as eleições, e se o mesmo terá maioria parlamentar. A não existir maioria parlamentar, se haverá coligações ou acordos parlamentares entre partidos relativamente a matérias essenciais como o Orçamento, ou um Governo de maioria relativa. Uma coisa é certa, ficará definido o futuro do país nos próximos 4 anos. Esta indefinição política contrasta com uma melhoria das condições económicas, redução do desemprego, maior atracção turística, saldo primário positivo, balança comercial positiva, redução do IRC, que traz esperança e novo animo a um país que viveu 4 anos de austeridade massiva derivado ao Programa de Ajustamento a que foi sujeito.

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